Autismo & A Montanha-russa de Sentimentos Na Quarentena

Mesmo em quarentena, estamos com obra em casa. O tempo, que já era pouco, ficou ainda mais escasso. Há semanas eu tenho ido à lojas de materiais de construção, marmorarias, marcenarias, mercados e onde mais for preciso.

Quando chego em casa, Caio corre em minha direção, com os braços esticados. Olho pra baixo e vejo seu rosto olhando para mim acompanhado de um sorriso sincero e feliz. Ele apoia seu queixinho em minha barriga e levanta os braços. Sei que ele quer colo, um chamego, um cheiro.

PAUSA PARA LAVAR AS MÃOS.

E, esse momento, em que sou obrigada a ignorar meu filho, maltrata tanto meu coração de mãe.

Sei que o tempo de assepsia das mãos e braços é rápido, contudo, é o suficiente para decepcionar uma criança. Ultimamente Caio tem ficado BEM chateado com isso. Não posso culpá-lo. Mas me culpo.Snapchat-582503891 - Copia

Depois de seguir todas as regras de higienização impostas pelo COVID19,  deito ao seu lado, converso com ele e pergunto como foi seu dia e digo que “agora mamãe vai ficar me casa”.
Caio coloca sua perninha fina em cima de mim, suas mãos no meu rosto e me olha. Vejo seus olhinhos vistoriarem cada ruga ou manchinha no meu rosto. Ele olha dentro dos meus olhos e sorri. Gargalha. Esse é aquele momento mágico em que a culpa e a tristeza vão embora (ou diminuem).

Aí, vem tudo junto: alegria, realização, bem-estar, contentamento.

Como toda magia dura pouco, logo que recomeça seu desenho favorito na TV, Caio me deixa de lado e vai acompanhar um novo episódio.

Decepçãozinha básica de mãe.

Essa quarentena está mexendo com o meu emocional e, talvez, eu nem sempre seja capaz de entender como as emoções do Caio conseguem ir do 8 ao 80… Mas, quanto mais o tempo passa, mais disposta estou a me adaptar e aprender a lidar com as minhas próprias emoções.  Meu amor por essa criança é grande demais para fazer qualquer outra coisa.

Beijos e continuem firmes, mamães!

2 comentários sobre “Autismo & A Montanha-russa de Sentimentos Na Quarentena

  1. Eu tenho 27 anos, e descobri o autismo no começo deste ano (2020). Minha mãe disse que fica em dúvida sobre o que ela poderia fazer para me ajudar. Só que, no meu caso, ela não precisa fazer mais nada adicional. Pra mim, o fato dela estar disponível é o suficiente.

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