Quando fiquei grávida dos gêmeos, as pessoas sempre tinham alguma coisa pra falar. Ouvi de tudo: ‘Nossa, se um já dá trabalho, imagina dois!’… ‘Você vai ter alguém pra te ajudar, né?’… ‘Como você vai fazer pra trabalhar?’
Cuidar de dois bebês é difícil! A gente vive em estado de alerta, de cansaço e de sono. Mas, dá-se um jeito e tudo funciona bem.
Já, quando digo que Caio é autista, as pessoas se calam, olham pra cima buscando algo pra falar. Silêncio. A impressão que eu tenho é que, imediatamente, passa um filme da minha vida na cabeça delas que se resume a isso:
Como Caio ainda é muito novo, não sabemos o grau e o tipo de autismo, mas se considerarmos que ele não fala e precisa de ajuda para quase tudo, temos que dizer que Caio é autista grave. (Espero que você não esteja me visualizando na foto acima)
Uma vez, um amigo muito querido que eu não via há anos, me disse: ‘Noooossa, eu sabia pelo que você estava passando!’ Fazendo cara de espanto.
Gente, GENTE, meu filho é autista e tem limitações. Mas, acima de tudo, ele ainda é uma criança. Precisa de ajuda para fazer as coisas que a idade (2 anos e meio) determina: vestir a blusa, calçar o sapato, escovar os dentes ou comer. Caio, assim como a irmã, está tomando consciência dos comandos. E obedece sempre que solicitado. Claro que tudo com ele é mais demorado, pois tenho que pegar seu rostinho, fazê-lo olhar pra mim e dar o comando: ‘Guardar!’ (para guardar os brinquedos)
É duro sim! Mas, quando você ‘se vê’ mãe, descobre uma força sem limites pra enfrentar adversidades.
Meu dia a dia é puxado, mas não penoso. Cuido dos meus filhos, porque são minha responsabilidade, são meu lazer, são minha alegria! Toda mãe se sente esgotada uma hora ou outra, mas NUNCA deixa de se levantar no dia seguinte e sorrir para seu filho dizendo: ‘Bom dia, seu lindo!’
Entendo que muitos não saibam agir depois de ouvir: ‘Caio é autista’. É natural. Ninguém precisa ter uma reação. Eu precisei de tempo pra me acostumar. Você também vai precisar. 😉