Autismo: Meltdown e a Opinião dos Outros

Imagine que você está sentada no sofá com seu filho, assistindo TV. Ele se levanta e começa a correr e gargalhar. Você pensa: ‘que legal, ele está feliz’ ou ‘que legal, ele está querendo brincar’…No meu caso, é um pouco mais complicado, pois sei que meu filho está “desconfortável” com algo.

A explicação mais simples para o meltdown é que é uma crise que ocorre quando a criança está estressada, chateada ou hiper estimulada.

O Caio corre balançando os braços, gargalhando e gritando. Sem parar. Se deixar, ele corre por uns 40 minutos antes de se sentar e assistir a TV novamente. Eu olho ao redor e não consigo entender o que pôde tirá-lo da sua paz. Na minha opinião, o maior obstáculo é não saber o que ele está sentindo.

Tentando entender um pouco da coisa, fui pesquisar sobre essas crises. Os neuropediatras, os psicólogos e os entendidos no geral, dizem as mesmas coisas. Mas, quer saber? Não me ajudou muito. Então, procurei mais um pouco e achei o The Mighty e essa descrição de Emma Dalmayne (ela mesma dentro do TEA e mãe de autista):

“Quando você tem um colapso, é como se o mundo estivesse acabando. Tudo é demais e você sente como se uma escuridão esmagadora tomasse conta do seu ser. A raiva incontida, que pode parecer completamente irracional para um estranho, pode nos ser interiormente devastadora.”

Quem é mãe/pai vai saber como me sinto. É difícil pensar que nosso filho convive com algo assim e que não podemos fazer nada pra melhorar. A vontade que a gente tem é de tomar todas as dores da cria pra gente, né?

Quando Caio tem um colapso e estamos em uma festa, eu falo calmamente, beijo, abraço…Se estamos na fila do mercado, falo calmamente, beijo, abraço…E, se preciso, SAIO e vou pra casa. Afinal, a sanidade do meu filho está em primeiro lugar. O que me frustra muitas vezes é ouvir das pessoas que eu não devo ‘dar colo’ quando meu filho ‘dá chilique’ ou que não ‘tenho que fazer as vontades dele’. Então, se você presenciar algo semelhante, ofereça ajuda ou não fale nada. E, sempre, SEMPRE, seja compreensivo se a criança precisar ir embora da sua casa/festa/passeio.

Outra coisa que busco sempre é observar se não há nenhuma mudança no comportamento durante a crise. Sei que o meltdown tem diferentes intensidades e que Caio pode vir a se machucar.

Muitas crianças batem a cabeça, se mordem ou machucam outras pessoas. Em alguns momentos, na euforia/desespero das crises, Caio já me mordeu feio, arranhou, me deu uma cabeçada que abriu o lábio, chute na cara (falo aqui sobre isso)… Lógico que, algumas vezes, eu não sei o que fazer, mas com paciência, amor, abraços e beijos, ele SEMPRE se acalma. O importante é que estou ali. Always!

Há um potinho de ouro no final de cada meltdown!