Autismo: Gravidez & Expectativa

Quando criança. Eu brincava de boneca, casinha, coisa e tal.

Mas, no fundo, não era algo automático. Brincava porque era o que toda menina fazia. Era esperado de mim, que aprendesse, com as bonecas, a cuidar de uma criança quando eu crescesse, casasse e tivesse filhos.

A verdade é que nunca fui dessas adolescentes que sonhavam com casamento, casa e marido. Eu só queria sair do quarto minúsculo que dividia com uma irmã, digamos, “pouco carinhosa comigo” e do bairro em que cresci. Lugar que se tornava cada vez mais perigoso. Eu só queria a MINHA vida, sabe?

Comecei a trabalhar cedo e comprei meu apartamento aos 23 anos. Era na Baixada, usado, um quarto, mas era MEU! Só meu!

Mas, você sabe como a vida é uma fanfarrona e sempre que possível, nos dá uma rasteira.

Eu, namorei, casei. Por alguns anos, não pensávamos em filhos, mas as coisas mudaram e ter um bebê em meus braços, fazia todo sentido do mundo. E fazia falta.

Não cresci cercada por bebês com necessidades especiais. Naquela época, há mais de 40 anos atrás, eles ficavam em casa, não socializavam com outras crianças, não frequentavam a escola e quase não haviam terapias. Se haviam eram caríssimas! Então, nunca me passou pela cabeça não ter um “filho normal”.

Grávida de 7 meses

Engravidei.

Em meu círculo de amigos, nenhuma criança especial. Aos meus olhos elas eram uma minoria, quase imperceptível. Portanto, nunca passou pela minha cabeça ter uma criança “diferente”. Meu filho iria andar, falar, jogar bola, me fazer perguntas capciosas, implorar por um PS4, etc.

Mas, a vida essa gaiata… Eu não teria só um filho e sim, DOIS.

VIDA: “Se vira, amiga!”

Ok. Nada de pânico. Repensamos nossos planos e nos reorganizamos para termos duas crianças.

Tudo pronto.

Então, eles chegaram. Bem antes do tempo, durante uma consulta rotineira. Olivia nasceu primeiro. Demorou a chorar. Caio veio depois. Com a cara toda enrugadinha (que bebê nunca?), chorando fraquinho e com bochechas rosadas.

Parei de trabalhar. Pelo menos pelos primeiros 2 anos, pensei eu.

Lembra da VIDA? Aquela que gosta de aprontar? Então, nesse momento, lá veio ela me trazer o laudo de autismo do meu menino. Flutuei no limbo, me perdi. Sofri o luto de toda mãe “especial”.

Como eu iria lidar com uma criança autista? Eu não tinha certeza se conseguiria desempenhar esse papel, quase sempre, difícil e solitário. Às vezes, eu TENHO certeza de que vou falhar em algo.

Quer saber? Algumas vezes, estou certa. Falho. Nem sempre tenho o que é preciso. Mas, quando penso melhor, entendo que essa jornada não é impossível.

Quando olho meus filhos, sem sombra de dúvida, sei que que nenhuma “necessidade especial” poderia diminuir o que sinto por eles. Pode me cansar, me derrubar alguns dias, mas NÃO me derrotar.

Não deixe que o cotidiano te canse ou que a rotina te sufoque. Desconfie do destino e acredite em você. Não deixe o medo te impedir! Se precisar de uma pausa, peça ajuda! Use sua rede de apoio e descanse.