Por muito tempo não atribuí afazeres domésticos ao Caio (tem um texto sobre isso aqui). Na época, eu achava que ele não conseguiria desempenhar uma tarefa simples como ajudar a arrumar a cama ou dar a comida para o cachorro. Bem, como a vida nunca perde a oportunidade de dar uma rasteira… Vraummm! Meu filho se mostrou mais capaz do que eu imaginava.
Me deixei levar pelos sintomas do autismo e perdi o foco do que realmente importava: seu desenvolvimento. O que eu poderia fazer para compensar? Engolir o choro e bolar uma strategie. Primeiro, pensei em qual responsabilidade atribuir ao menino e como fazer acontecer. Segundo, repetir essa tarefa até Caio entender o que deveria ser feito e, só então, introduzir uma nova.
Comecei com a comida do cachorro. Afinal, é seu companheiro amoroso e dedicado (texto sobre os dois aqui).
Vamos dar comida para o Logan?
Pega a tigela, por favor.
Coloca a comida.
Leva para ele.
Obrigada.
Dá um Hi-5!
O segredo é todo dia um pouquinho!
Se Caio suja o chão derrubando biscoito, por exemplo (o que acontece sempre), ele deve pegar o pano na pia e limpar.
Caio, caiu comida no chão. Tem que limpar.
Vamos pegar o pano?
Passa no chão, por favor.
Coloca o pano novamente na pia.
Obrigada.
Dá um abraço.
Volta e meia também peço para que me ajude a fazer o pão preferido da vovó. Vou dando os ingredientes e ele vai despejando na forma. Lógico que ele mete a mão em tudo: ovo, farinha, manteiga… Eu deixo (vovó nem sabe o que já rolou naquela massa de pão maravilhosa… :D).
Abriu, fechou. Caiu, coloca no lugar. Usou, guardou. Comemorando sempre ao final de cada empreitada. O reforço positivo ressalta na criança a satisfação de dever cumprido. E Caio é um garotinho e se sente feliz em ajudar nos afazeres de casa.
Enquanto as terapias trabalham as questões do autismo (sensorial, comportamental) eu, a mãe, ajudo meu filho a desenvolver o pessoal; amadurecer vivenciando as coisas que uma criança de 4 anos vive.
É chato repassar as mesmas tarefas todos os dias! É sim, eu sei, mas é assim que é a vida do autista. Rotina e perseverança!
Hoje, já é possível ver como Caio evoluiu. Muitos afazeres eu só início o comando: guardar brinquedos. E lá vai ele passar por todo o processo sozinho e confiante.
Vraummm! Na cara de quem não acreditou no potencial do filho!